A magia das marcas

Todo dia assistimos ao que eu gosto de chamar de “a guerra dos símbolos”.

Um embate ingrato que se desenvolve à nossa volta.  Diariamente uma quantidade incontável de marcas nos espera com a intenção de nos surpreender e trava-se entre elas uma batalha para chamar a nossa atenção.  Elas estão em todos os cantos: no despertador e no roupão com que saímos da cama.   Na cafeteira e nos biscoitos que fazem o nosso desjejum.  No sabonete e no shampoo do nosso banho.  Em nossos sapatos, cintos, camisas e ternos.  Nos automóveis e pelas ruas.  São marcas descaradas, alegres, brincalhonas que nos rodeiam e que, às vezes, a gente quase não se dá conta disso.

São como duendes.  Se abrirmos o jornal, descobriremos que entre as notícias saltam centenas de logotipos.  Se pretendêssemos fazer uma lista, seria impossível finalizá-la.  Cada uma delas tem uma história para contar, um curriculum próprio e um designer que a criou.

Quando um logotipo chama minha atenção, gosto de imaginar o que passava pela cabeça do designer ao traçar cada uma das linhas, ao criar ou selecionar uma determinada tipografia.  Imagine os milhões de neurônios empregados na escolha de uma cor ou da proporção de um traço.  Penso no que o autor sofreu ao apresentar o trabalho e na extraordinária satisfação que teve quando o cliente, satisfeito, o aprovou.

Vejo como o cliente se apossa do trabalho e o mostra orgulhoso aos empregados.  E manda que os caminhões sejam pintados imediatamente e os cartões de visitas, impressos com a nova marca.  Acho que todos estamos de acordo que o primeiro encontro entre duas pessoas é fundamental e que essa troca de impressões conduzirá o relacionamento durante anos.

Com as empresas ocorre algo parecido, a diferença e que esse primeiro encontro acontece através de um cartão de visitas ou de uma carta.  Nessa pequena superfície de papel, uma marca se destaca e transmite as vibrações da empresa.  Ela reflete o número de empregados, o tamanho do faturamento, sua capacidade de produção e, principalmente, a qualidade de seu produto. 

Em poucos centímetros quadrados, se apresenta toda uma companhia e é dado início a um relacionamento.  Esse pequeno pedaço de papel transmite a filosofia da empresa, suas intenções e sua forma de trabalhar.

Quim Larrea – Teórico de Design